Opinião
Lídice e Gaza
Por João Neutzling Jr
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor estadual, Professor e Pesquisador.
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Durante a segunda guerra mundial, em 27 de maio de 1942 foi assassinado o general alemão Reinhard Heydrich, então protetor da Boêmia-Morávia na Tchecoslováquia. Heydrich era um nazista fanático pelo qual o líder alemão Adolf Hitler tinha grande admiração e amizade. Os assassinos dele eram membros da resistência tcheca e buscaram refúgio na pequena cidade de Lídice.
Em vingança, Hitler ordenou o cerco e destruição da pequena cidade onde morreram perto de 1,2 mil pessoas, sendo a cidade logo após completamente dinamitada.
Em outubro de 2023, um comando do Hamas invadiu Israel de surpresa e matou mais 1,5 mil israelenses em um ataque terrorista covarde.
Como vingança, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou ataque à Gaza que já causou a morte de mais de dez mil palestinos, mais de três mil crianças, 95% civis inocentes desarmados indefesos.
Alguma semelhança entre Lídice e Gaza?
O recente conflito entre o grupo político Hamas que atua em Gaza - Palestina contra o estado de Israel não pode ser analisado somente a partir deste evento.
Quando foi criado o estado de Israel em 1948, mais de 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras milenares. Isso gerou muitos conflitos com centenas de mortes. Todos esses crimes forma documentados pelo autor israelense IllanPappé na obra "Limpeza Étnica na Palestina" (Editora Sunderman, 2016).
Em 1993 o líder palestino Yasser Arafat e Itzak Rabin, premier de Israel, apertaram as mãos num acordo de paz orquestrado pelo presidente dos EUA, Bill Clinton. Arafat publicamente renunciou ao terrorismo e reconheceu o estado de Israel. Parecia que a paz enfim ia ser definitiva. Em 1995 Rabin foi assassinado por um extremista judeu contrário ao processo de paz. Desde então, Israel tem sido governado por políticos de direita, como Netanyahu, contrários ao processo de paz.
A solução do conflito palestino-israelense pressupõe o cumprimento das resoluções da ONU e a proclamação de jure e de facto do Estado Palestino, livre e soberano, tendo Jerusalém Oriental como capital, e com as fronteiras existentes em 4 de junho de 1967. Não haverá paz na Palestina enquanto não se estabelecer plenamente um Estado palestino.
Isto requer ainda a retirada de todas as colônias israelenses dos territórios ocupados, libertar os prisioneiros políticos palestinos presos em Israel e permitir o imediato retorno dos refugiados. E a retirada de Israel das Colinas de Golã, na Síria.
Algumas das resoluções da ONU que Israel nunca cumpriu:
18/1947 - Determina a criação de dois Estados, um judeu e um árabe-palestino, no antigo protetorado britânico da Palestina, com Jerusalém sob mandato internacional.
194/1948 - Estabelece o direito de retorno dos refugiados palestinos.
242/1967- Determina a retirada do exército de Israel dos territórios ocupados na guerra de 1967 (Cisjordânia incluindo Jerusalém, colinas de Golã e Gaza);
2.334/2016 - Determina o fim dos assentamentos israelenses em terras capturadas em 1967. A resolução reputou os assentamentos israelenses como "uma violação flagrante do direito internacional"
Os israelenses têm todo o direito de viver em paz em segurança em seu país, como qualquer povo. E os palestinos também tem este direito que lhes é negado desde 1948, e isto acaba fomentando a criação de grupos extremistas como o Hamas.
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